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Senado aprova gratuidade da bagagem de mão: avanço ou retrocesso?

O Senado aprovou o projeto que torna obrigatória a gratuidade da bagagem de mão em voos. Mas, segundo análise crítica, a decisão pode trazer impacto negativo ao setor aéreo e encarecer as tarifas no médio prazo.

O que você verá neste artigo

O Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 120/2020, que garante aos passageiros de voos o direito de transportar bagagem de mão de até 10 kg gratuitamente. A proposta, relatada por Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e de autoria de Randolfe Rodrigues (PT-AP), foi aprovada pela CCJ e segue agora para análise na Câmara dos Deputados.

À primeira vista, a gratuidade da bagagem de mão parece uma boa notícia. Mas, olhando de perto, o projeto traz riscos reais para o setor aéreo e pode acabar prejudicando o próprio consumidor.


O que muda com o projeto?

O texto aprovado garante gratuidade obrigatória para malas de até 10 kg, desde que caibam no compartimento superior da cabine. Entre os principais pontos:

  • As companhias só poderão restringir o transporte por motivos de segurança ou limitações técnicas;
  • Caso não haja espaço suficiente a bordo, a bagagem deverá ser despachada sem custo adicional;
  • A regra passa a integrar o Código Brasileiro de Aeronáutica, impedindo que a ANAC altere a norma futuramente.

Segundo o relator, o objetivo é proteger o consumidor e impedir abusos das empresas aéreas. No entanto, o resultado prático pode ser o oposto: menos competitividade, mais custos e tarifas mais altas.


Intervenção que gera efeito contrário

A gratuidade da bagagem de mão interfere diretamente na política de preços das companhias aéreas. Desde 2016, quando a ANAC permitiu a cobrança por bagagens, o modelo brasileiro passou a seguir o padrão internacional: o passageiro paga apenas pelo que usa.

Essa liberdade tarifária estimula a concorrência e permite que empresas ofereçam produtos diferentes para cada perfil de cliente. Ao tornar o serviço gratuito por lei, o governo elimina essa flexibilidade e pressiona os custos operacionais.

E o que acontece quando os custos sobem? As passagens sobem também.

O transporte aéreo é um setor de margens estreitas e alta volatilidade. Combustível, câmbio e manutenção já são variáveis críticas. Ao impor gratuidade obrigatória, o Estado cria uma despesa fixa que inevitavelmente será repassada ao consumidor.


Retrocesso disfarçado de benefício

Embora o discurso político venda a ideia de “defesa do passageiro”, a verdade é que o projeto representa um retrocesso regulatório. A liberdade tarifária é uma prática consolidada no mundo todo — e foi justamente ela que democratizou o acesso à aviação.

Com mais controle estatal, o resultado tende a ser o contrário:

  • Menos inovação;
  • Menos concorrência;
  • E, no longo prazo, passagens mais caras.

O Brasil precisa de previsibilidade e ambiente competitivo, não de leis que travem o mercado sob o pretexto de proteger o consumidor.


Conclusão crítica

A aprovação da gratuidade da bagagem de mão é mais um exemplo de intervenção política em um mercado complexo e sensível. O discurso é popular, mas os efeitos são perversos: as companhias perdem autonomia e o passageiro paga a conta.

Se o objetivo é tornar o transporte aéreo mais acessível, o caminho não é criar novas obrigações, e sim reduzir custos estruturais, impostos e gargalos regulatórios.

Cada vez que o governo legisla sobre preços, a fatura chega ao consumidor — seja em tarifas mais altas, menor oferta de voos ou queda na qualidade do serviço.
A verdadeira solução está em regulação moderna, previsível e baseada em dados, não em medidas populistas que comprometem o futuro da aviação brasileira.

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Tico Brazileiro

Tico Brazileiro é especialista em aviação, programas de fidelidade e viagens, compartilhando dicas estratégicas sobre milhas, upgrades e experiências de voo. Influenciador, conecto apaixonados por viagens a conteúdo exclusivo e relevante, ajudando a transformar cada viagem em uma experiência única. Já viajei em mais de 100 classes executivas e primeiras classes.
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