
A Marriott, uma das maiores redes hoteleiras do mundo, está cogitando lançar suas próprias salas VIP em aeroportos — uma proposta que soa ambiciosa, mas levanta dúvidas sobre até onde a marca quer expandir sua presença fora do universo hoteleiro.
Durante um evento em Abu Dhabi, o CEO da Marriott, Anthony Capuano, confirmou que o assunto vem sendo discutido dentro da liderança global da empresa. Segundo ele, a ideia ainda está em estágio embrionário, mas há interesse em avaliar a viabilidade de lounges próprios ou até parcerias com bancos emissores de cartões premium.
O que a Marriott realmente busca com isso
Faz sentido que uma gigante da hotelaria pense em entrar no segmento de salas VIP. Afinal, quem se hospeda frequentemente em hotéis da rede também é, em grande parte, um viajante frequente — o público perfeito para esse tipo de serviço.
Mas vale lembrar: a Marriott raramente faz algo que não tenha retorno financeiro direto. Se essas salas saírem do papel, dificilmente será um mimo para clientes fiéis. A jogada seria, como sempre, uma forma de monetização, provavelmente atrelada a cartões co-branded — o que faz sentido, já que a rede tem parcerias tanto com American Express quanto Chase, lá nos Estados Unidos.
O problema? Essas duas instituições americans já têm suas próprias redes de lounges (Centurion e Sapphire, respectivamente). Ou seja: abrir uma rede concorrente poderia gerar um conflito direto de interesses com os parceiros que sustentam parte da estratégia de fidelidade da Marriott.
O cenário mais provável
A hipótese mais realista seria ver novos cartões Marriott premium, oferecendo acesso aos lounges já existentes dessas redes, em vez de criar um espaço próprio.
Afinal, manter uma rede global de salas VIP é caro, complexo e depende de acordos com aeroportos que já têm fila de companhias e bancos disputando espaço.
E, convenhamos, a Marriott está muito mais focada em aumentar o número de hotéis e quartos do que em aprimorar a experiência de viagem do cliente. O foco tem sido expansão — e não necessariamente hospitalidade. Nesse contexto, salas VIP parecem mais distração do que prioridade estratégica.
Opinião: ousadia demais ou aposta inteligente?
Por mais que a ideia desperte curiosidade, é improvável que vejamos lounges Marriott tão cedo. É um projeto que parece mais uma conversa de bastidor para testar o mercado do que algo que a empresa realmente vá colocar em prática.
Mas, como sempre, o mercado surpreende. Se até a Southwest Airlines, lá nos Estados Unidos, conhecida por seu modelo simples e sem luxos, decidiu criar suas próprias salas VIP, nada impede a Marriott de tentar — ainda que apenas para marcar presença.

