
A Latam decidiu começar 2026 com ambição. A companhia confirmou três novas rotas internacionais que fortalecem sua presença em mercados estratégicos: Amsterdã, Bruxelas e Cidade do Cabo. Os voos partirão de Guarulhos com início escalonado — abril, junho e setembro — sempre com três frequências semanais.
O movimento chega em um momento em que a empresa acelera a renovação interna dos Boeing 787-9, aeronaves que serão usadas nessas rotas. Com cerca de 300 assentos e uma nova cabine executiva sendo gradualmente implementada, o 787 segue como o principal vetor internacional da Latam. A frota atual da família 787 deve saltar de 37 para 41 unidades até o fim de 2026.
Além das estreias, a companhia afirmou que ainda nesta semana divulgará datas exatas, horários e início das vendas. Ou seja: estamos diante de uma expansão coordenada que pretende reforçar a posição da Latam em destinos onde concorrência e demanda exigem estratégia.
Amsterdã: terreno da KLM
A entrada da Latam em Amsterdã não será tranquila. A KLM opera forte nos aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro e domina conexões na capital holandesa. Cerca de 70% dos passageiros que chegam por lá seguem para outros destinos, o que torna a rota menos sobre “atração turística” e mais sobre “hub de distribuição”.
A Latam terá de competir diretamente em um mercado que beneficia quem já tem rede consolidada. E, apesar de uma parceria com a KLM parecer lógica, os holandeses já mantêm acordo com a Gol — o que limita qualquer aproximação operacional.
Bruxelas: um vácuo que favorece a Latam
Aqui, o cenário vira completamente. Não existe hoje voo direto entre Brasil e Bélgica. A Latam, portanto, entra sozinha em um mercado que vive de conexões via companhias europeias.
A rota tem potencial real, especialmente se houver acordo de codeshare com a Brussels Airlines. A empresa integra o Grupo Lufthansa, com quem a Latam já possui parceria — o que abre espaço para cooperação, fluxo corporativo e um posicionamento sustentável.
A proximidade geográfica entre Bruxelas, Amsterdã e Paris pode criar, no futuro, uma sobreoferta regional. Mas, por ora, a Latam ocupa um espaço vazio e altamente estratégico.
África: consolidação onde a concorrência já existe
A Latam já opera Joanesburgo, mas agora amplia sua presença na África do Sul adicionando Cidade do Cabo, onde a South African Airways mantém operações sólidas. A rota tem potencial turístico importante, mas exige consistência de demanda ao longo do ano. Mesmo assim, faz sentido dentro da estratégia de conectividade regional que a empresa começou a construir no país.
E o Oriente Médio? A peça que ainda falta
A empresa reafirmou que segue estudando sua volta ao Oriente Médio. A possibilidade de retomar Tel Aviv existe, mas Doha desponta como uma opção ainda mais estratégica por causa da Qatar Airways — parceira global da Latam e líder no tráfego entre Oriente Médio e Ásia. Se essa rota se confirmar, a empresa dá um passo relevante no fluxo intercontinental.
Expansões em rotas já existentes reforçam aposta no longo curso
A Latam também aumentará capacidade nos Estados Unidos e na Europa a partir de 2026. As mudanças incluem mais frequências para Orlando, Los Angeles, Miami, Roma, Madri e Barcelona. São ajustes que ampliam oferta justamente em mercados onde o tráfego corporativo e turístico tem histórico de alta ocupação.
Quatro novos destinos nacionais em 2026

O plano também contempla o mercado doméstico, com voos inéditos para:
- Uberaba, a partir de 5 de janeiro;
- Juiz de Fora, em maio;
- Campina Grande, também em maio;
- Caldas Novas, em junho.
As operações usarão aeronaves da família Airbus A320, com capacidades entre 144 e 224 assentos.
Conclusão
A Latam está, finalmente, se movendo como uma empresa que sabe onde quer chegar. Os novos destinos têm lógica, mas também exigem coragem — especialmente Amsterdã e Cidade do Cabo, onde a concorrência é madura e bem estabelecida. Bruxelas, por outro lado, é uma jogada inteligente que ocupa um vácuo real e coloca a Latam em posição de protagonismo.
No geral, a companhia acerta ao expandir onde já funciona, testar onde há espaço e preparar terreno para mercados mais complexos, como o Oriente Médio. O desafio agora é garantir consistência, produto e conectividade. Porque abrir rota é fácil. O difícil é sustentá-la. E é exatamente aí que a Latam vai precisar mostrar se essa expansão é estratégia — ou apenas entusiasmo temporário.

