
Gratuidade de bagagem: um efeito populista com preço alto
Quando o governo anuncia “bagagem de mão gratuita”, “despacho de até 23 kg sem custo” e “marcação de assento inclusa”, a impressão inicial é positiva para o consumidor. Mas, na prática, essa medida populista vai exatamente na contramão do mercado global. Ao tentar agradar no curto prazo, o Estado cria incentivos errados que inevitavelmente encarecem as passagens e reduzem a oferta de opções.
O consumidor que aplaude hoje pode pagar mais caro amanhã, porque a competição diminui e os custos precisam ser repassados.
Investidores e novos players afastados
Ao intervir de forma exagerada nas regras do setor aéreo, o Brasil transmite um recado claro e preocupante aos investidores: o risco regulatório é elevado e decisões populistas podem alterar o mercado a qualquer momento, sem previsibilidade. O efeito é imediato: menos investidores entram no país, menos companhias competem por preço, há menor inovação e a diversidade de serviços oferecidos ao consumidor diminui.
Enquanto países maduros adotam segmentação de tarifas, permitindo que cada passageiro pague apenas pelo que utiliza, o Brasil opta por nivelar custos obrigatoriamente. O resultado é óbvio: passagens mais caras, menos opções de voo e um transporte aéreo menos acessível para a população.
Impacto direto nas tarifas
As companhias aéreas simplesmente não têm como absorver integralmente os custos do despacho gratuito de bagagem e da marcação de assento. O efeito imediato é o aumento das tarifas básicas, que impacta todos os passageiros, mesmo aqueles que não utilizam esses serviços. Na prática, quem não despacha malas ou não escolhe assento acaba subsidiando quem consome o benefício, distorcendo o mercado.
O reflexo é inevitável: menos concorrência, redução de voos com preços acessíveis e uma população menor tendo acesso ao transporte aéreo. O que parecia ser uma vantagem para o consumidor se transforma, na realidade, em um encargo disfarçado, penalizando justamente quem se esperava beneficiar.
O Brasil na contramão do mundo
Enquanto mercados maduros na Europa e na América do Norte apostam na concorrência e na liberdade tarifária, permitindo que cada passageiro pague apenas pelo que realmente utiliza, o Brasil segue na contramão. Ao impor regras rígidas que limitam a precificação das companhias aéreas, o governo cria barreiras artificiais que afastam investidores e desestimulam a entrada de empresas de baixo custo. O resultado é claro: menos opções de voos, menos inovação, menos competitividade e tarifas naturalmente mais altas para todos os passageiros.
Essa medida não protege quem viaja, como é vendido na mídia; na prática, é uma intervenção populista que camufla um aumento de custos e limita o acesso ao transporte aéreo.
Conclusão
No curto prazo, a medida se vende como uma vitória para o consumidor: cria manchetes chamativas, gera aplausos imediatos e dá a sensação de progresso. Mas essa é apenas a superfície. Por trás do discurso populista, o impacto real é corrosivo: tarifas que sobem, concorrência que se estreita e milhares de passageiros sendo excluídos do transporte aéreo.
Se o objetivo genuíno fosse democratizar o acesso às viagens, seria preciso reduzir drasticamente a intervenção do Estado, estimular competição de verdade e permitir liberdade tarifária para as companhias. Sem isso, o “benefício” que hoje parece inquestionável se transforma rapidamente em um pesado encargo financeiro para quem realmente depende de voar — mostrando que populismo barato e curto prazo nunca geram resultados sustentáveis.

