
A Gol anunciou que vai suspender seus voos de Guarulhos para San José, na Costa Rica, a partir de 30 de novembro de 2025, com o último voo sendo operado no dia 27. A justificativa oficial da empresa é de “ajustes na malha aérea”. Essa decisão impacta passageiros, planos de internacionalização da Gol e traz à tona desafios estruturais do setor de aviação.
Situação da rota antes do encerramento
Desde que foi inaugurada, em novembro de 2024, a rota teve três frequências semanais entre São Paulo e San José, operadas com Boeing 737 MAX 8. O voo leva cerca de sete horas no trajeto. A ocupação média nos voos de ida entre maio e agosto de 2025 ficou em torno de 73%, e no retorno pouco abaixo de 80%.
Esses percentuais, embora positivos, não atingem a margem que muitas companhias consideram segura para manter longas rotas internacionais. Para rotas desse tipo, ocupações acima de 80% costumam ser referência para que operem com previsibilidade financeira.
Impactos para passageiros
Quem já comprou passagem para além do dia 27 de novembro será comunicado pela Gol por meio dos dados informados na reserva. As opções oferecidas incluem remarcações, crédito para uso futuro ou reembolso. Passagens emitidas com milhas também terão canais específicos para atendimento, assim como aquelas adquiridas através de agências.
A mudança requer que os passageiros verifiquem com atenção as datas, condições de remanejamento e as alternativas apresentadas, para minimizar prejuízos e transtornos.
O que essa decisão revela sobre estratégia internacional da Gol
O encerramento dessa rota revela que, embora a Gol tenha metas ambiciosas de internacionalização — com planos de que 25% de sua malha esteja fora do Brasil até o final da década — a empresa ainda enfrenta desafios operacionais. Atualmente, seu percentual internacional gira em torno de 17%.
Também pesa na equação o fato de que parte da frota permanece fora de serviço. A Gol possui cerca de 10 aeronaves que não estão operando, embora tenha recebido 12 Boeings 737 MAX em 2025 e reativado cerca de 20 aviões. Essas variações na disponibilidade afetam a capacidade de sustentar rotas internacionais que demandam alto uso de recursos.
Reflexão estratégica
Esse tipo de ajuste, embora desagradável para quem gosta de mais conexões internacionais, faz parte de uma gestão mais cautelosa. Manter rotas longas exige altos custos operacionais, risco cambial, demanda constante e ocupações que justifiquem o investimento.
A Gol parece optar por priorizar eficiência antes de expansão desenfreada. Com isso, ela reforça que não adianta só ter rotas internacionais: é preciso sustentabilidade operacional.
Conclusão
O fim da rota São Paulo – San José mostra que a Gol está calibrando sua internacionalização. A companhia descobre os limites práticos de operar para mercados com demandas ainda instáveis. Para os passageiros, é uma notícia que exige atenção às condições de bilhete e alternativas, mas não muda totalmente o panorama internacional da Gol.
Se há algo a celebrar, é o fato de que a Gol segue firme em seus planos de expansão, mesmo enfrentando desafios logísticos, de frota e ocupação. Ajustes como esse, quando bem comunicados e geridos, mostram maturidade operacional e foco na sustentabilidade da operação.

