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A estratégia da Embraer: como o “menor” virou gigante na aviação mundial

Como a Embraer transformou um sonho regional em liderança global: a empresa brasileira dominou o mercado de jatos regionais ignorado por Boeing e Airbus, com uma visão ousada, eficiente e capaz de redefinir os rumos da aviação mundial.

O que você verá neste artigo

O surgimento da Embraer e o desafio aos gigantes

Em 1969, o Brasil deu um passo ousado: criou a Embraer para competir globalmente com os maiores fabricantes de aeronaves do mundo. Enquanto Boeing e McDonnell Douglas investiam em aviões enormes e sofisticados, a Embraer apostou em algo aparentemente modesto: aeronaves menores, voltadas para rotas regionais.

Na época, muitos consideraram essa ideia improvável de dar certo. Afinal, como uma empresa de um país emergente poderia conquistar espaço num mercado dominado por gigantes?


Primeiros anos: aviões pequenos, grandes sonhos

Nos seus primeiros anos, a Embraer lançou aeronaves como o EMB-110 Bandeirante, com apenas 18 assentos. Por 25 anos, seus modelos foram utilizados em rotas locais dentro do Brasil, enquanto o mundo via nascer aviões icônicos como o 747 da Boeing, capaz de transportar centenas de passageiros em longas distâncias.

A diferença parecia gritante, mas aquele seria apenas o início da trajetória que mudaria o rumo da aviação regional.


A virada estratégica com a privatização

Em 1994, após a privatização, a Embraer ganhou flexibilidade para se reposicionar. Enquanto Boeing e Airbus disputavam o mercado de 150 a 500 assentos, a Embraer enxergou um espaço deixado de lado: aviões entre 50 e 120 assentos. Era um nicho considerado pequeno demais, pouco lucrativo e sem atratividade para os grandes players. Foi nesse espaço negligenciado que a Embraer decidiu apostar.


O lançamento do ERJ-145 e a oportunidade certa

Em 1999, a empresa lançou o ERJ-145, um jato de 70 lugares ideal para rotas curtas. O momento foi perfeito. A desregulamentação do setor aéreo nos Estados Unidos havia criado centenas de novas rotas entre cidades menores e grandes hubs, e os E-Jets encaixavam-se exatamente nessa demanda: mais econômicos que aeronaves maiores e muito mais confortáveis que os turboélices.


A disputa com a Bombardier

A Embraer encontrou pela frente a canadense Bombardier, que já atuava nesse mercado. A disputa durou 10 anos, mas a empresa brasileira levou vantagem com sua eficiência de custos. Produzir no Brasil custava praticamente metade do valor de produzir no Canadá, e a Embraer podia oferecer aeronaves até US$ 2 milhões mais baratas. Foi o suficiente para conquistar as companhias aéreas.


O erro da Bombardier

Enquanto a Embraer mantinha o foco nos jatos regionais, a Bombardier decidiu mirar mais alto. Investiu bilhões no desenvolvimento do C Series, uma aeronave maior, para competir com Boeing e Airbus. Ao abandonar o mercado regional, abriu espaço para que a Embraer se consolidasse sem rivais diretos.


Consolidação global

O resultado apareceu logo. Em 2005, a Embraer já havia entregado mais de 1.600 jatos para 80 companhias aéreas ao redor do mundo.
O Brasil passou a ocupar um lugar de destaque no mapa da aviação, com a Embraer se tornando o terceiro maior fabricante global de aeronaves, atrás apenas de Boeing e Airbus.


O impacto da família E-Jets

Em 2024, a família de aeronaves E-Jets completou 20 anos de operações, um marco que simboliza a consolidação da estratégia.
Ao longo dessas duas décadas, os E-Jets se tornaram protagonistas da aviação regional, acumulando milhões de voos, transportando bilhões de passageiros e garantindo conectividade em rotas que antes eram inviáveis. Com a chegada da geração E2, a Embraer elevou ainda mais o patamar: aeronaves mais econômicas, silenciosas e sustentáveis, com até 20% de redução no consumo de combustível.


Tentativa de aquisição pela Boeing

O crescimento chamou atenção. Em 2018, a Boeing ofereceu mais de 4 bilhões de dólares para adquirir a divisão de aviação comercial da Embraer. O governo brasileiro, no entanto, barrou o negócio, preservando a independência da empresa e reforçando seu valor estratégico para o país.


A pandemia como validação

A crise da Covid-19 mostrou a força do modelo da Embraer. Enquanto aeronaves de grande porte ficaram paradas, os jatos regionais foram fundamentais para manter rotas em operação. Essa flexibilidade deu às companhias aéreas uma ferramenta essencial para sobreviver no período mais difícil da aviação moderna.


Resultados atuais e liderança consolidada

  • As ações da Embraer cresceram 700% nos últimos cinco anos.
  • A empresa controla 70% do mercado mundial de jatos regionais.
  • Enquanto Boeing enfrenta dificuldades com o 737 MAX e a Airbus sofre com atrasos de produção, a Embraer reina absoluta em seu nicho.

Conclusão: uma lição estratégica

A Embraer nunca quis construir os maiores aviões do mundo. Em vez disso, escolheu o mercado que ninguém queria.
E, com foco e consistência, transformou esse espaço em um império bilionário. Mais do que uma vitória da engenharia brasileira, a história da Embraer é um lembrete para todos os setores: às vezes, o melhor caminho não é disputar a maior batalha, mas vencer a menor – aquela que ninguém mais tentou lutar.

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Tico Brazileiro

Tico Brazileiro é especialista em aviação, programas de fidelidade e viagens, compartilhando dicas estratégicas sobre milhas, upgrades e experiências de voo. Influenciador, conecto apaixonados por viagens a conteúdo exclusivo e relevante, ajudando a transformar cada viagem em uma experiência única. Já viajei em mais de 100 classes executivas e primeiras classes.
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