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Por que a disponibilidade de passagens com milhas varia entre companhias aéreas?

Diferenças na disponibilidade de passagens com milhas são comuns. Veja os principais motivos e como lidar com isso.

O que você verá neste artigo

Uma das formas mais inteligentes de extrair valor de milhas aéreas é emitir voos em companhias parceiras, aproveitando tabelas mais vantajosas e os chamados sweet spots. Exemplos clássicos não faltam: usar TAP Miles&Go para voar Lufthansa em primeira classe ou emitir classe executiva da Singapore Airlines (long haul), usando milhas Aeroplan, da Air Canada.

O problema é que, na prática, nem sempre a disponibilidade aparece igual em todos os programas. Um assento pode estar visível em um site e simplesmente não existir em outro. Isso não é coincidência e nem sempre é erro.

A seguir, explico os principais fatores que causam discrepâncias na disponibilidade de passagens prêmio entre companhias aéreas e programas de fidelidade.


As companhias não liberam todos os assentos para todos os parceiros

Esse é, de longe, o motivo mais comum.

Embora alianças como Oneworld, Star Alliance e SkyTeam tenham sido criadas com a promessa de integração, cada companhia controla individualmente o inventário de assentos prêmio que libera para parceiros.

Na prática, isso significa que:

  • Algumas empresas priorizam seus próprios clientes
  • Outras liberam quantidades diferentes para cada parceiro
  • Programas mais “estratégicos” recebem acesso privilegiado

Alguns exemplos claros desse comportamento:

  • A EVA Air libera muito mais assentos para seu próprio programa do que para parceiros, especialmente em classe executiva
  • A Lufthansa só libera primeira classe para parceiros poucos dias antes do voo
  • A Singapore Airlines restringe grande parte da primeira classe exclusivamente ao KrisFlyer
  • A Qatar Airways favorece programas que usam Avios
  • A Etihad tem limitado cada vez mais o acesso de parceiros a assentos premium

Esse movimento é cada vez mais comum e reflete uma mudança econômica: os programas de fidelidade se tornaram centros de lucro, e não apenas ferramentas de marketing.


Disponibilidade “fantasma” realmente existe

Outro fator relevante é a chamada disponibilidade fantasma.

Isso acontece quando um site exibe um assento que, na prática, não pode ser emitido. O problema é comum quando um programa consulta o inventário de outra companhia.

As causas geralmente são técnicas:

  • Falhas de sincronização entre sistemas
  • Inventário que já foi retirado, mas ainda aparece
  • Erros no mecanismo de busca

A única forma de confirmar é tentar emitir. Se o sistema gera erro no pagamento ou na confirmação, trata-se quase sempre de assento fantasma.


Diferença no calendário de abertura de emissões

Nem todos os programas abrem o calendário de resgates na mesma data.

Alguns exemplos práticos:

  • American AAdvantage: cerca de 331 dias;
  • Azul Fidalidade: cerca de 450 dias (para voos próprios);
  • British Airways Club: até 355 dias;

Isso faz com que um mesmo voo esteja disponível em um programa e invisível em outro, simplesmente porque o sistema ainda não permite a emissão.

Além disso, nem todos os sites atualizam inventário em tempo real. Em alguns casos, o assento pode existir, mas só aparecer horas — ou até dias — depois.


Assentos podem ser retirados de forma intencional

Em certos cenários, a indisponibilidade não é erro técnico.

Algumas companhias retiram propositalmente o acesso de parceiros por motivos como:

  • Disputas comerciais entre programas;
  • Problemas de reembolso entre empresas;
  • Falhas recorrentes na confirmação de bilhetes;
  • Alto índice de fraudes em determinadas rotas (o que podemos incluir detecção de venda de milhas);

Nesses casos, o assento pode até existir no sistema da companhia operadora, mas fica bloqueado para parceiros.


Falhas técnicas e limitações de sistema

Além de tudo isso, existem diversos outros fatores técnicos que impactam a exibição correta da disponibilidade, como:

  • Restrições de ponto de venda
  • Lógica de trechos casados (married segments)
  • Limitações do próprio site do programa
  • Falhas de integração entre alianças

Nem sempre há má-fé. Muitas vezes, é apenas tecnologia imperfeita lidando com sistemas extremamente complexos.


Existe solução para essas discrepâncias?

Depende do caso. Nem sempre há o que fazer, mas algumas estratégias ajudam:

  • Aguardar algumas horas ou dias e pesquisar novamente;
  • Ligar para o call center (quando disponível), que às vezes vê mais inventário do que o site;
  • Testar a disponibilidade em diferentes programas parceiros;
  • Tentar emitir para confirmar se o assento é real ou fantasma;

Em alguns cenários, um agente experiente consegue solicitar manualmente o assento.


Conclusão

As diferenças na disponibilidade de passagens com milhas estão cada vez mais comuns e, infelizmente, nem sempre há solução.

Essas discrepâncias podem surgir por falhas técnicas, atrasos de sistema, decisões comerciais ou simplesmente porque as companhias preferem privilegiar seus próprios clientes.

Hoje, o cenário mais comum é claro: cada programa vê um mundo diferente, e o passageiro precisa conhecer essas regras do jogo para extrair o máximo valor das milhas.

Entender como e por que isso acontece não garante acesso ao assento desejado, mas evita perda de tempo — e falsas expectativas.

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Tico Brazileiro

Tico Brazileiro é especialista em aviação, programas de fidelidade e viagens, compartilhando dicas estratégicas sobre milhas, upgrades e experiências de voo. Influenciador, conecto apaixonados por viagens a conteúdo exclusivo e relevante, ajudando a transformar cada viagem em uma experiência única. Já viajei em mais de 100 classes executivas e primeiras classes.
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