Uma nova companhia aérea no Brasil
A Avion Express Brasil, subsidiária do grupo irlandês Avia Solutions Group, acaba de receber autorização da ANAC para operar no Brasil com o modelo ACMI (Aircraft, Crew, Maintenance and Insurance).
Com início previsto ainda para o primeiro trimestre de 2025, a empresa já conquistou o Certificado de Operador Aéreo (COA) e começará as operações com 10 aeronaves Airbus A320, podendo chegar a 25 unidades até 2028.
O foco da companhia será atender outras empresas aéreas que precisem de reforço de frota para atender à demanda, sem precisar investir diretamente na compra ou leasing tradicional de aeronaves.
O que é o modelo ACMI?
O ACMI é um formato de arrendamento no qual a empresa fornecedora disponibiliza aeronave, tripulação, manutenção e seguro. Já a companhia contratante é responsável por combustível, taxas aeroportuárias e demais custos operacionais.
Esse modelo é amplamente utilizado no exterior e oferece alta flexibilidade para que as companhias aéreas possam:
- Atender picos de demanda, como férias e grandes eventos.
- Suprir falta temporária de aeronaves próprias.
- Testar novas rotas sem risco financeiro elevado.
No Brasil, essa estratégia é especialmente relevante diante da sazonalidade de rotas e da dimensão territorial do país, que exige capilaridade e ajustes rápidos de malha aérea.
Azul já utiliza operações semelhantes
Um bom exemplo da aplicação prática desse modelo está na Azul Linhas Aéreas, que em rotas internacionais já recorreu a operadores como EuroAtlantic e Hi-Fly.
- EuroAtlantic: opera voos entre Recife, Porto e Madri com o Boeing 767-300ER.
- Hi-Fly: atua com Airbus A330-200 em datas e períodos específicos para suprir indisponibilidade da frota principal.
Essas parcerias permitem que a Azul mantenha sua conectividade internacional mesmo diante de atrasos em entregas de aeronaves ou manutenção não programada.
Vantagens estratégicas do ACMI
- Rapidez na expansão de rotas sem investimento em frota própria.
- Mitigação de riscos ao evitar sobrecarga de ativos da empresa contratante.
- Competitividade ampliada para explorar mercados sazonais.
- Operação sob demanda, ideal para períodos de alta temporada ou necessidades pontuais.
Um movimento que pode se tornar tendência
A chegada da Avion Express Brasil e sua aposta no modelo ACMI é um marco para a aviação nacional. A proposta equilibra eficiência, flexibilidade e sustentabilidade operacional, alinhando o Brasil às práticas mais modernas da indústria aérea internacional.
Seja para cobrir rotas sazonais, reforçar malha em períodos críticos ou oferecer novas opções ao mercado, o ACMI pode se consolidar como uma das soluções mais inteligentes para o crescimento da aviação no país.
Opinião
Apesar de o modelo ACMI ser um verdadeiro case de sucesso em diversos mercados internacionais, permitindo que companhias aéreas aumentem competitividade, mantenham regularidade e operem com maior agilidade, no Brasil o cenário apresenta particularidades que nem sempre seguem os padrões globais. Questões burocráticas, regulatórias e culturais ainda representam barreiras significativas. Soma-se a isso a resistência que parte do público e até alguns operadores podem ter diante de aeronaves com pintura ou tripulação diferente da companhia contratante, algo que no exterior já é encarado com total naturalidade.
O desafio da Avion Express Brasil será adaptar o modelo à realidade nacional, garantindo comunicação clara aos passageiros, cumprimento rigoroso dos padrões de qualidade e segurança, e integração operacional eficiente com as companhias contratantes. Se bem conduzida, essa estratégia pode não apenas reduzir gargalos do setor, mas também abrir um novo capítulo na aviação brasileira, mais flexível, conectada e preparada para atender um mercado dinâmico, sem que resistências internas comprometam seu potencial de crescimento.
