
A Aena apresentou o Plano de Desenvolvimento Imobiliário e o projeto do Terminal Intermodal do Aeroporto Internacional do Recife. A iniciativa transforma áreas subutilizadas em um polo urbano e logístico, com objetivo claro: integrar transporte, comércio e serviços para melhorar a experiência do passageiro e dinamizar a economia local. O conceito adotado visa fazer do aeroporto um agente ativo na estrutura urbana, não apenas um ponto de partida ou chegada.
Escala do investimento e áreas priorizadas
O plano abrange 543 mil m² de área não operacional e prevê R$ 580 milhões em investimentos realizados por operadores logísticos e imobiliários. O foco inclui centros de distribuição, hotéis, espaços comerciais e áreas corporativas. A ideia é ocupar terrenos ociosos com projetos que gerem empregos e atendam demandas reais de moradores e viajantes, sempre alinhados ao plano diretor municipal e a critérios de sustentabilidade.
Terminal Intermodal: o que muda na prática
O Terminal Intermodal terá investimento inicial de aproximadamente R$ 60 milhões e concentra diferentes modais de transporte em um único hub. Haverá áreas para veículos por aplicativo, pontos para vans e ônibus de turismo, docas para embarque e desembarque, central de resíduos e estrutura comercial com cafeterias e lojas. O projeto prevê também sanitários acessíveis, murais de Lula Cardoso Ayres e uma praça integrada ao antigo terminal.
Infraestrutura urbana e conectividade ativa
A proposta inclui a recuperação da Praça Salgado Filho com projeto paisagístico inspirado em Burle Marx e a implantação de uma ciclovia em parceria com a Prefeitura do Recife. O objetivo é reduzir congestionamentos, agilizar o fluxo viário e melhorar a integração entre aeroporto e cidade. A execução da primeira fase está prevista para começar no 2º trimestre de 2026, com conclusão estimada até o fim de 2027.
Modelo replicável e impactos econômicos
A Aena pretende replicar o modelo em outros aeroportos que administra no país, começando por Aracaju, Maceió e João Pessoa, adaptando o projeto às características locais. O conceito de aerotrópole, aplicado com sucesso em Madri, Paris e Miami, busca requalificar território e atrair investimentos. Se bem executado, o projeto eleva a competitividade do Recife, aumenta a oferta de empregos e melhora a experiência de passageiros e moradores.
Riscos e condição essencial para o sucesso
O plano é ambicioso, mas depende de execução rigorosa e coordenação com o poder público. Sem governança clara e prazos factíveis, investimentos podem ficar apenas no papel. É preciso fiscalização, acompanhamento das etapas e compromisso real dos investidores. Caso contrário, o que foi anunciado como modernização pode terminar em promessa não entregue.
Conclusão
Transformar o Aeroporto do Recife em uma cidade aeroportuária é a medida certa — se for feita com seriedade. Investimentos e ideias não bastam; é necessário execução limpa, cronograma crível e responsabilidade pública e privada. Se cumprir o plano, Recife ganha infraestrutura, mobilidade e emprego. Se falhar, será mais um projeto bonito que não saiu do croqui. Você decide: cobrar execução ou aceitar promessa.

