
O que é o EES e como ele funciona?
A União Europeia está implementando o Entry/Exit System (EES) — um novo sistema eletrônico que substituirá o tradicional carimbo manual nos passaportes.
A partir de outubro de 2025, o processo passará a registrar dados biométricos e informações de viagem de forma digital, tornando o controle de fronteiras mais automatizado.
O sistema será obrigatório para turistas de fora da União Europeia que viajam aos 29 países participantes, incluindo os 25 do Espaço Schengen, além de Islândia, Noruega, Liechtenstein e Suíça.
A cada entrada ou saída, o EES fará o registro automático de:
- Dados do passaporte;
- Foto facial e quatro impressões digitais (para viajantes sem visto);
- Local e data de entrada e saída;
- Duração exata da estadia dentro do espaço Schengen.
Essas informações ficarão armazenadas por três anos — ou cinco, se o visitante ultrapassar o limite de 90 dias permitido por semestre.
Portugal e o pioneirismo na adoção do sistema
Portugal é um dos países que já colocaram o EES em operação. O país, que costuma ser o principal ponto de entrada de brasileiros na Europa, agora realiza todo o controle de imigração de forma digital, eliminando de vez os carimbos físicos no passaporte.
Os dados coletados obedecem integralmente ao Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia — equivalente à LGPD brasileira.
O acesso às informações é restrito às autoridades de fronteira e imigração.
Quem exceder o tempo máximo de permanência será identificado como “overstayer”, ficando sujeito a multas, deportação ou restrição de entrada futura, conforme as regras de cada país.
Quem está dispensado do EES?
O novo sistema não se aplica a todos os viajantes. Estão isentos do registro eletrônico:
- Cidadãos da União Europeia, do EEE e da Suíça;
- Portadores de visto de longa duração (tipo D) ou autorização de residência;
- Cidadãos de Andorra, Mônaco, San Marino e Vaticano;
- Diplomatas, tripulantes e trabalhadores transfronteiriços sob acordos especiais;
- Viajantes com destino à Irlanda e Chipre, que ainda manterão o controle manual com carimbos.
O que muda para quem viaja?
Na primeira entrada após o início do sistema, o processo pode ser um pouco mais lento, já que será necessário coletar os dados biométricos.
Nas próximas viagens, o reconhecimento facial e a verificação digital reduzirão o tempo de controle, tornando o fluxo mais ágil.
Apesar da promessa de eficiência, os aeroportos europeus esperam filas maiores nos primeiros meses de adaptação. Segundo estimativas da ACI Europe, o tempo de controle pode aumentar de 1,5 a 3 vezes em relação ao atual durante a fase inicial.
Durante um período de transição de 180 dias, os carimbos ainda poderão ser usados como comprovação alternativa em caso de falhas técnicas.
O EES também será a base do futuro ETIAS, a autorização eletrônica de viagem prevista para entrar em vigor no fim de 2026, com custo estimado de €20. O ETIAS verificará automaticamente o histórico do viajante registrado no EES antes de liberar a entrada.
Como se preparar para o novo sistema?
Para evitar imprevistos, as autoridades europeias recomendam que os passageiros se organizem com antecedência.
Confira algumas orientações importantes:
- Garanta que seu passaporte esteja legível por máquina e válido por pelo menos três meses após o retorno;
- Calcule corretamente o tempo total da estadia no Espaço Schengen;
- Chegue ao aeroporto com mais antecedência, especialmente entre outubro de 2025 e abril de 2026;
- Leve documentos que comprovem o propósito da viagem e o local de hospedagem;
- Use sempre o mesmo passaporte nas entradas e saídas, principalmente se possuir dupla cidadania.
Conclusão
O novo sistema EES marca uma mudança histórica nas viagens à Europa. A digitalização do controle de fronteiras promete mais segurança e precisão, mas exige paciência e planejamento dos turistas, especialmente durante o período de adaptação.
Viajantes que tiverem conexões ou chegadas no Espaço Schengen nas próximas semanas devem se programar para possíveis atrasos maiores do que o habitual, já que os quiosques de biometria e o novo sistema ainda estão em fase de ajuste.
E embora a modernização traga avanços tecnológicos, fica uma ponta de nostalgia: os carimbos europeus, símbolos clássicos de muitas viagens, deixarão de fazer parte das páginas dos passaportes — encerrando uma era para os apaixonados por registrar cada destino na tinta e no papel.

